segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A dupla virtualidade do si mesmo.



Em uma sociedade como a nossa, sociedade da imagem e da informação temos nosso mundo psicológico invadido por variados fluxos das mesmas, colocando-nos a pensar e a  agir. Somos aquilo que falamos e aquilo que silenciamos. Somos aquilo que nos foi possível escutar, ver, ouvir, entender. Uma época é representada pelo modo como permite falar de nós mesmos e ainda como falamos de nós  mesmos. Uma época, um momento na  história pode Ser representado pelo modo como podemos pensar a si mesmos. Pois cada época possuiu  seus modos permitidos e não permitidos de falar a respeito de um si mesmo. É este si mesmo que esta sendo re-inventado na atualidade, somos convocados, somos inauguradores das novas formas de olhar e  pensar e  a  agir  consigo mesmos. E este é o modo como também olharemos e compreenderemos o outro. Nós somos o outro que ensina novas formas de olhar a si mesmo. Do “conheci a ti mesmo” ao invente a si mesmo, esse  é o lugar do  si na  atualidade. Essa é uma condição do contemporâneo. Hora  parece que não, de que isso é bobagem de sociólogos e psicólogos, ela é sutil, se  dá no cotidiano, nos atravessa quando enfrentamos o mundo e  é impossível atravessar isentos. Hoje lidamos com possibilidades e  dimensões que misturam espaços cotidianos do  real e do virtual, nossa  realidade é uma mistura, é um simultâneo de dimensões subjetivas e maquínicas, intemporais.Vivemos uma revolução da linguagem, da informação e da comunicação, que talvez seja desnecessária, pode-se viver sem o Orkut, o MSN ou o face book, alguns diriam até sem a  internet. Embora esta cada vez  mais difícil pensar essa possibilidade. Já contamos mentalmente com essa espécie de arquivo virtual global, já contamos com essas  estradas de caracteres eletrônicos por onde ao  andar e  passear, nos transformamos. Criamos nelas, quintais de privacidade, espaços de intimidade semi-públicas, circulamos com desenvoltura matemática na  rede, estamos integrados mas vivemos um drama particular, apenas de cada  um, experiência própria e solitária da vida individual, camada do intimo, do silencio e do pensamento, da palavra que foi ao mundo e voltou a  sua morada. Solidão e companhia é qualquer outra coisa que estar sozinho ou acompanhado. Parte recém inaugurada do si na atualidade, espaço onde ele inaugura novos territórios de intimidade para escapar da colonização e da política do sentido.

Leo

terça-feira, 15 de junho de 2010


O Louco II


"No jardim de um hospital psiquiátrico conheci um jovem formoso de rosto pálido e encantador... 

Sentando-me a seu lado num banco, perguntei-lhe:

- Porque estás aquí?

Olhando-me, com estranheza, disse:

- Essa é uma pergunta pouco própria, mas, de qualquer modo, responderei.

Meu pai quis fazer de mim uma cópia dele; o mesmo ocorreu com o meu tio. Minha mãe queria que fosse igual ao seu pai. Minha irmã apontava o seu esposo, oficial da marinha, como o modelo de perfeição a seguir. Meu irmão, excelente atleta, pensava que eu devia ser como ele.

E também os meus professores, de filosofia, de música, de matemática, me incitavam a ser um reflexo deles num espelho.

Por isso vim para aqui. Parece-me mais saudável. Pelo menos poderei ser eu mesmo.

De repente, voltou-se para mim, e disse:

Diz-me tu, agora. Vieste parar a este lugar guiado pela educação e pelos bons conselhos?

Eu respondi:

- Não, sou só um visitante.

Então ele disse:

- Ah!!!. És um daqueles que vive no manicómio, mas, do outro lado do muro?



Khalil Gibran


O Louco

Perguntais-me como eu me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes dos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu tinha confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram-se de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez a minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava a minha face nua, e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais as minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!”

Assim eu tornei-me louco. E encontrei tanto a liberdade como a segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

Khalil GIbran

terça-feira, 8 de junho de 2010

PROVÉBIO LUANISTA



Um belo dia Quatro adultos estavam a espera de um ônibus, de repente um extranho muito familiar, aparece com um sorriso desfalcado, e um cabelo integrado, com uma blusa xadrez com bolinha furadas, e um short liso cheio de bolinhas também, aparece desgraçado com a mão (com a fome, com a sede, com a solidão, e com o desespero) e nos pede um moeda. A criança sorri, pega na bolsa e entrega uma moeda de um real, lacrimeja e entrega ao louco estranho bastante familiar.
O louco entrega ao pai da criança um anzol, e à criança uma pedra... (um dos rapazes sorri, e uma das moças também....A outra moça gargalhou (como não? achei estranho).... o pai da criança joga o anzol e diz: - ENTENDI A MENSAGEM (?).... A CRIANÇA OLHOU A PEDRA E JOGOU.... cabisbaixa, sorriu sozinha, e escutou os deboxes e sarros de todos, pega a pedra e diz é um coração...   (?)
qual a moral?
?

Às vezes dar aulas  é como ser um andarilho urbano e entregar pedregulho aos familiares estranho....

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Vida de Isopor



Esses homenzinhos tão engraçados
Vendo-os andando tão apressados,
Até parece que o sexo está inoculado em seu corpo.
O sexo passa despercebido!
Quando dá para perceber que possuem,
Mais parece um rótulo de vendas!
Se agrupam e se denominam sociedade,
Se dizem civilizados,
E ainda quando tudo parece quieto, calado,
O barulho acompanha essa percepção como um pano de fundo.

E as suas ideologias? Ah! Essa sim, talvez seja o mais interessante nisso tudo!
Ora pode-se usá-las para um enredo de comedia,
Ora para seria descrito como terror,alguns episódios.
Para mim seria descrito como suspense,
Devido ao estado de pânico em que vejo as pessoas nas ruas.
Mas nunca, jamais poderia ser descrito como um romance,
Mas talvez, em sua hora mais hipócrita, poderíamos assisti-la e achar que é um drama!

Ah cidade!
Você me assusta com seu controle!
Com tantas instituições!A democracia cria instituições para dar uma idéia de liberdade
A liberdade de sair de uma instituição e entrar noutra!
Seu controle as vezes é tão desorquestrado,
Que de dia me ocupa sem ter nada interessante para fazer
Com as labutas necessárias para ser um corpo vivo.

Qualquer coisa parece monótona perto do desespero de suas fabricas.
Fábrica que produz homens, mulheres, réplicas e caricaturas
Personagens no qual, Proudhon chamaria de controladores.
Produz Observadores leigos que ainda não aprenderam a observar.
Assim acabam sendo observados por pessoas desgovernadas.
Mesmo eu sendo por vocês observado, controlado e rotulado,
Eu não deixo de observar suas falhas... deslizes da sanidade por mim notado.
Mesmo sendo tão diferentes essas pessoas com vida de isopor,
Parecem ser tão iguais.

Estou na condição de : de dia ser a maquina que produz cidadãos (na escola)
E de noite me contradigo com tudo que faço durante o dia
É como se eu estivesse auxiliando a fábrica, mas não faço parte dela.

(Luana Joplin)