Há certas músicas, cheiros,
momentos, comidas e cores que me lembram vertigens, letargias, prazeres....as vezes
tudo tem gosto de passado... Todavia não
era assim o passado quando tinha som de presente.
Eis ai, a inquietude de ser, não
nos agradamos da beleza que temos, deformando assim a luz do espelho,
transformando as cores dos cheiros, e comendo os momentos, como se esse fosse
uma banquete descontente, na esperança
da sobremesa audaz, que nunca vem... Está posta a mesa, então...e demoramos
para ver.
Desligarei a tomada do ventre sem pensar se pode haver mais
embriaguez de vida, pois não comove senti-lo sendo o futuro oco, o passado
gostoso, e o presente em branco,,,,,, escrevo, escrevo, escrevo...e não vejo o
que produzo. Cegueira absurda! Não vejo o agora... Será que brilho tanto que
não enxergo¿ Ou será q está tão escuro que nem noto¿ Várias fases vários
túneis, capim, água... Ora pois bem, há dias que o banquete soa bem acomodado
no meu quarto, no meu ombro... seu travesseiro é minha fadiga. E Vão abrindo a
porta, vou passando, vou vivendo, vou entrando, vou saindo... nem vejo onde vai
dar. Tem dia que não sei se entro pela garagem, ou pela cozinha, sei que de todas
as portas que entro, nenhuma se parece com a porta da frente. Conhecimento, de
que você me vale...conhecer a verdade não me inseri a nada mais, neste rebanho, as hienas sorriem, as lebres
correm, e o que fazem os ratos¿..... comem o resto dos porcos.
Hoje
meu vinho virou água... meu sutiã perderam as rendas, meu ventre é um retalho,
minhas pernas já não abrem, meus braço já não suspiram, minha boca já não tem
mais gosto. De que vale tanto corpo, tanta fugacidade, se a beleza fica
trancada, atrás do espelho, e o único som que soa como música é o pigarro, a
tosse sedenta de prazer. Não parece familiar ver Dionísio, sua boca já não
cheira uva, seu corpo é só poeira, e as noites não tem mais luzes. Levanto o
clamor de bandeira.... ai está meu afago, Manoel! Vou-me embora, este corpo já
não tem mais graça, essa minha boca já não mais combina com meu batom. As
pessoas não olham mais com os mesmos olhos, tudo parece opaco. Será que aqui em
minha civilização, tudo andava enquanto eu dormia, e quando acordei todos
decidiram que o brilho seria démodé¿ Vou seguir seu conselho Manoel:“Em Pasárgada tem
tudo, É outra civilização”.
Luana Joplin
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