quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A Luz e a Escuridão...

A escuridão e a luz.
Partícula da explosão sideral que resultou a vida. Energia que se fez célula; célula que evoluiu.. blástula, embrião. A rosa que encarou o vento de frente. O girassol que se negou ao sol, em relutância, desafio e luta por cada dia de vida. O caos primitivo. O mamute bravo que combateu por seu marfim e, mesmo assim, sucumbiu. O lobo cinzento que corre pela planície gelada e uiva para a lua. O guerreiro maior que morreu defendendo seu clã e sua tribo. O lutador da arena e seu olhar turvo de sangue. O mensageiro do rei e o receio da morte. A princesa, a plebéia, a rainha. O cavaleiro de armadura reluzente servo do senhor dono do feudo. A feiticeira que ardeu na fogueira. O xamã indígena respeitado e temido por ser sábio.. enigmático, tenebroso. O caubói que domou cavalos. O cavalo preto que habita o coração dos fortes. A donzela encantada pelo caubói. A cigana fugidia. A lei. A soma. A disparidade. A inocência. A igualdade. A orgia. A quietude. A glória. O desejo. A dor da opressão. A saudade tenaz. A coragem. A lady inglesa que chorou na estréia de Shakespeare. A camponesa francesa que riu com Molière. O cientista que odiou a bomba atômica e chorou diante de todas as vacinas. A cura. A rebelião. A mansidão. O remanso perene e azul. A torrente cachoeira. O fogo. A ventania. A paixão. A tempestade. O pôr-do-sol. Criador e criatura. Pássaro e avião. O conflito. A lucidez. As correntes, rochas e maré. O luar onde tem mar. A noite sem luar. A mata verde-escura, tão densa que ultraja a luz solar. Os sete pecados. Os incontáveis perdões. O ente que escreve para não enlouquecer. O ser já alucinado com a escrita. Filha de Marte. A fuga do domínio. A peleja. O impulso espontâneo e arremetido. A impetuosidade cristalina, fulgurante. O entoante canto da sereia; a sereia na água. O feminino misterioso da deusa; o feminino indomado da amazona, e o que surge voluntarioso por baixo da burca. A nudez pura. A flor. O entusiasmo. A malícia. O caráter independente. O senso de justiça. As letras vermelhas. As de giz. As letras no muro e no papel. Todas as letras. O juízo apressado. A aventura. A cicatriz na face de quem é simbolizado por um carneiro. As ervas de força e luz. A força vital. O ópio dos poetas. As entidades. O alvorecer do mundo. Os seres encantados. A negação à utopia regada a sonhos constantes. A fera ferida e sanada. O anjo. O algoz. Todos os demônios. O sagrado e o profano. O tropeço. A impaciência. A incompreensão diante da inveja - não inveje nunca!, construa!, realize!. A crença em três deuses, o tempo, o destino e o infinito. O infinito próprio, aturdido e incauto. O destino esperançoso. O tempo senhor de tudo, demasiado. As horas. O virar da esquina. O sair de casa. O chegar da carta, o ler a carta. O conhecer a verdade. O querer a mentira. O viver o resultado. As estrelas no céu do Norte, na terra do sol. O amigo e o inimigo, sendo este último franco. Captação, aglutinação, deglutição e antropofagia de tudo que é Afra e Ernesto. O amor incontido dos dois e o meu. O amor compartilhado dos outros. Os irmãos. Habitante de Vênus. O calor do aquecimento. O susto da constatação. O se encontrar e se perder no caminho. O alcançar a trilha, o sair do rumo.
E serei.. o futuro, o presente e o passado.. inquilina de planetas recém descobertos. A preservação. A busca incessante do natural; oxigênio e água. A necessidade. O desperdício do terceiro olho. O aproveitamento do inanimado calcário, o barro e a terra. As idades da pedra, da nuvem e da flor. Uma única flor, a flor do zero no holocausto. O arrependimento tardio. A transmutação orgânica. A inevitável transformação. A lembrança perdida. A extinção anunciada. O andróide que chora, sente e sonha. A música já não ouvida. A voz muda. O inseto pós-apocalíptico, a proteína. O raso e profundo lago. A explosão. A poeira cósmica no fim dos tempos.
A luz e a escuridão... Poesia do Amigo Mic Mic.

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